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11/11/2022 - 13h53

Sem privatização, Porto de Santos ‘arruma a casa’, mas investe pouco

Fonte: Valor Econômico
 
Santos Port Authority amplia lucro em 38,3% no terceiro trimestre e acumula caixa de R$ 1,7 bilhão
 
A Santos Port Authority (SPA), estatal responsável pela administração do Porto de Santos, chega à reta final deste governo com resultados positivos e um caixa robusto, mas um nível baixo de investimentos. O leilão da privatização da empresa, que o atual governo tentou tirar do papel, não deverá sair a tempo. Porém, a expectativa é que o edital possa ser publicado até o fim deste ano, segundo Fernando Biral, presidente da companhia docas.
 
Na avaliação do executivo, a empresa será entregue à próxima gestão “com a casa arrumada”. “Fizemos a lição de casa, reestruturamos a companhia. Uma transformação maior seria possível com a empresa sendo desestatizada, mas a nossa missão foi cumprida”, afirmou o executivo.
 
No terceiro trimestre de 2022, a receita operacional líquida da SPA avançou 38,2%, para R$ 386 milhões, impulsionada principalmente pela maior movimentação de carga nos terminais. O lucro líquido cresceu 38,3% na comparação anual, para R$ 136 milhões. No acumulado deste ano, o aumento é de 55,2%.
 
No terceiro trimestre, os custos operacionais saltaram 76,1%, para R$ 147 milhões, principalmente devido à alta nos gastos com dragagem – segundo a SPA, esse aumento se deu porque houve uma campanha forte no período. As despesas gerais e administrativas ficaram em linha com o mesmo trimestre de 2021, com queda de 0,9%, para R$ 28,6 milhões.
 
A empresa também acumulou um caixa relevante nos últimos quatro anos, chegando a um total de R$ 1,7 bilhão em setembro de 2022 – em março de 2019, o montante era de R$ 273 milhões.
 
Porém, o patamar de investimentos – considerando apenas os aportes da autoridade portuária, e não as obras realizadas pelos operadores privados dos terminais – segue baixo. No acumulado de 2022 até setembro, foram investidos R$ 12 milhões.
 
Hoje, uma das principais obras que a estatal tenta acelerar é a da perimetral da margem esquerda. Porém, o processo de desapropriação das áreas tem se arrastado e levado a atrasos. “Nas últimas três obras de infraestrutura, os fornecedores desistiram ou quebraram. Ficamos reféns de todo um arcabouço regulatório complicado”, diz Marcus Mingoni, diretor financeiro da SPA.
 
Uma das principais demandas do setor portuário é que seja realizada a obra de aprofundamento do canal de acesso para 17 metros de profundidade. O investimento está previsto dentro do projeto de desestatização do porto – que, ao todo, inclui R$ 6,3 bilhões de investimentos, dos quais R$ 4,2 bilhões seriam destinados à construção de um túnel submerso entre Santos e Guarujá e R$ 2,1 bilhões, à infraestrutura portuária.
 
Com ou sem a desestatização, Biral avalia que o aprofundamento do canal será uma obra que terá que ser realizada pela SPA nos próximos anos. “O que pode ocorrer é um tempo maior para a execução, porque há todas as questões envolvendo a administração pública. Corre risco de atraso, essa é preocupação”, diz.
 
No projeto da desestatização, a previsão seria fazer o aprofundamento gradualmente, dos atuais 15 metros até os 17 metros, em um prazo até 2033.
 
Hoje, a SPA já deu início aos estudos para o licenciamento ambiental da obra, segundo Biral.
 
Além disso, ele avalia que o caixa reforçado da estatal poderia ser usado para custear o projeto – embora haja outras possíveis destinações aos recursos, como pagamentos de reequilíbrios contratuais do passado e algumas demandas previdenciárias.
 
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