Notícias

25/11/2022 - 13h09

Omissões de portos serão peça-chave em 2023

Fonte: Portos e Navios
 
Segundo relatório da Project44, atrasos nas remessas para Estados Unidos aumentaram drasticamente desde maio no Brasil. Levantamento destacou que transportadoras podem equalizar oferta com demanda para aliviar fretes em queda
 
Após um ano de declínio na indústria de contêineres, a expectativa é que em 2023 a cadeia de suprimentos se adapte a uma nova realidade, saindo do modelo ‘just in time’ e adotando mais o conceito ‘just in case’, onde o acúmulo de itens oferece uma espécie de ‘proteção’ para eventuais rupturas do fornecimento. Mesmo que para os transportadores marítimos esta não seja uma boa notícia, segundo o relatório da plataforma Project44, este é o momento de otimizar a cadeia de abastecimento. O levantamento destacou as omissões de portos (blank sailings) como peças-chave, uma vez que as transportadoras podem equalizar oferta com demanda para aliviar fretes em queda.
 
A expectativa é que, nas duas primeiras semanas de dezembro, o nível médio de omissões caia para 33%, no trecho da Ásia para a Europa, e aumente para 45% no Transatlântico e 46% no Transpacífico. Além disso, os armadores se preparam para anular até 64% das viagens na rota comercial Transatlântica até o Natal, gerando várias omissões de portos. Porém, apesar dos seus esforços para interromper as quedas nas taxas, o recuo dos preços ainda não foram afetados realmente.
 
A demanda por TEUs caiu quase 9% em setembro em relação ao ano anterior, tendo sido 3% menor do que em setembro de 2019. Esse declínio acentuado nos volumes ocorre quando os varejistas mantêm níveis recordes de estoque, mostram os dados mais recentes da Container Trade Statistics. Além disso, acredita-se que quase metade de todas as viagens sejam canceladas na rota comercial Transpacífica, em comparação com 38% na rota comercial Europa-Ásia.
 
No Brasil, os atrasos nas remessas para os Estados Unidos aumentaram drasticamente desde maio. O atraso médio dos embarques teve um aumento de 320%, passando de 2,0 dias para 8,4 dias em outubro. Os atrasos nas remessas da China para o Brasil melhoraram bastante em outubro, fechando o mês com média de 2,8 dias, aumentando 2.033%.
 
Para mitigar riscos, o relatório da Project44 aponta que os transportadores e expedidores estão buscando diversificar suas rotas, construindo capacidade no Sudeste Asiático, empurrando mais tonelagem para Busan, na Coreia do Sul, com esta cidade recebendo um aumento anormal de 451.194 TEUs (+14% mês a mês) após a adição de 148 navios extras em outubro em comparação a setembro. Este aumento de capacidade nominal de TEUs representou 8% do aumento global de capacidade de 5,8 milhões de TEUs entre setembro e outubro. Os atritos geopolíticos e as interrupções que aconteceram devido à política de Covid-Zero na China têm encorajado expedidores a diversificar os centros de produção e a trazer cargas do Sudeste Asiático.
 
De acordo com a plataforma, está caindo o congestionamento portuário na costa leste dos EUA, com exceção de Oakland, porém ainda é alto se comparado ao mesmo período de 2021. A Maersk afirmou que a fila de navios em Oakland ficou em 16 navios com tempos de espera de até 25 dias, em parte devido a dois guindastes parados para manutenção. Josh Brazil, vice-presidente de Supply Chain Insights na Project44, não vê o congestionamento como um problema global que já foi, mas acredita que ainda existem bolsões que ilustram as mudanças sísmicas que estão ocorrendo na cadeia de suprimentos.
 
“Melhorias importantes na infraestrutura portuária em lugares como Índia, Sudeste Asiático e na costa leste dos EUA são necessárias para acomodações, mas isso não acontece da noite para o dia. Os transportadores provavelmente terão que conviver com algumas dores de crescimento nesses lugares no curto prazo, mas vale a pena pagar um preço para criar mais capacidade e flexibilidade no sistema no longo prazo”, explicou.
 
Imprimir Indique Comente

« Voltar

Galeria de
Imagens

Ver todas