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21/11/2022 - 14h01

Leilão do Porto de Itajaí pode ser última obra inacabada de Bolsonaro em SC

Fonte: NSC Total - Coluna Dagmara Spautz
 
O governo Bolsonaro corre contra o tempo para leiloar o Porto de Itajaí antes de 31 de dezembro. A desestatização foi escolhida, junto com a concessão de rodovias no Paraná, como projetos prioritários ara o apagar das luzes da atual gestão em Brasília.
 
O leilão do porto, que é responsabilidade do governo federal, está atrasado há meses. A previsão do Ministério da Infraestrutura era lançar o edital em julho – o que não aconteceu. O segundo prazo divulgado foi outubro, e novamente não foi cumprido. No momento, a expectativa é que ocorra em dezembro.
 
O edital está sob análise do TCU, mas há um impasse – modelo de gestão escolhido pelo governo federal prevê entregar não apenas a operação do porto, mas também a administração à iniciativa privada, o que não é uma prática comum no setor portuário mundial e tem causado discussão.
 
O Porto de Itajaí seria o primeiro no Brasil a testar esse modelo de concessão, que não torna o terminal privado, uma vez que a União está vendendo o ativo. O porto permanecerá público, o que significa que não será gerido sob as mesmas regras de terminais como Portonave ou Itapoá, por exemplo, que se movimentam sob uma legislação mais simples. Ao mesmo tempo, o modelo retirará da autoridade pública a autonomia para gerir conflitos, entregando todas as decisões sobre o porto e o canal de acesso – o Rio Itajaí-Açu – a uma empresa privada.
 
O governo Lula (PT), que assume em janeiro, discorda da modelagem, o que aponta para um impasse. Não se descarta a possibilidade de suspender os efeitos do leilão executado pelo governo Bolsonaro e lançar um novo edital, o que desde já gera instabilidade sobre o processo. Diante dessa perspectiva, corre nos bastidores a informação de que o mais prudente seria esperar a transição de governo para executar o processo de forma mais segura.
 
Se isso de fato acontecer, será mais uma demanda que o governo Bolsonaro terá deixado em aberto em Santa Catarina. O atraso no leilão do Porto de Itajaí, e a insistência em um modelo que não é usual no setor, causou um impasse para o porto porque o atual contrato de arrendamento termina no dia 31 de dezembro.
 
Como o prazo entre o leilão e a efetivação da concessão é relativamente longo, a Superintendência do Porto de Itajaí precisou lançar um edital para um contrato-campeão até que a nova concessionária assuma o terminal. Uma empresa com pouca experiência na movimentação de contêineres venceu a concorrência, o que provocou uma crise no setor portuário e uma debandada de linhas de navegação. Diante disso, a Antaq recomendou há poucos dias a suspensão do edital do contrato-tampão alegando irregularidades.
 
A atual arrendatária, a APM Terminals, teve então o contrato estendido emergencialmente pela Superintendência do Porto de Itajaí, e vai administrar o terminal até que nova concessionária seja escolhida – pelo governo Bolsonaro, ou pelo governo Lula.
 
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