Fonte: A Tribuna On-line

 

Tema foi abordado nesta quinta-feira no Summit Porto-Indústria, promovido pelo Grupo Tribuna em Santos

 

A integração de dois segmentos vitais para a economia da Baixada Santista, o portuário e o industrial, não pode ficar apenas na retórica. Um planejamento concreto e consistente tem potencial para indicar caminhos e melhorar essa relação. Nesta quinta-feira (29), por iniciativa do Grupo Tribuna, representantes dos dois lados se encontraram e debateram questões em comum.

 

Essa foi a grande conquista do Summit Porto-Indústria, realizado em Santos. Exemplos bem sucedidos, como o Porto de Suape, entraram na pauta como modelo a ser seguido.

 

“É um tema muito importante para a gente abordar. Acho que é possível um desmembramento, falando desse assunto sob outros aspectos, sempre em prol do crescimento”, destacou Roberto Clemente Santini, diretor-presidente da TV Tribuna.

 

“É bom quando a gente ouve a importância de que possamos estar juntos, construindo um futuro. Não podemos ter planos de governo, mas de Estado. Porque as indústrias só vão fazer investimento quando houver consistência”, pondera o diretor de Comércio Exterior e secretário-geral do Ciesp/Fiesp, Marcos Andrade.

 

Ele alerta que apenas a política de redução de tributos não é capaz de atrair investimentos. “Não vai ser com a concessão de impostos ou tributos. Pode ser um fato de desempate, mas isso não é primordial”.

 

O diretor-executivo da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra), Angelino Caputo, aposta na união de esforços como fator de desenvolvimento. “Não há, ainda, uma fórmula para que todos os entes envolvidos sentem numa mesma mesa e façam o mesmo planejamento. Enquanto não conseguirmos essa sinergia, de todo mundo falar e dar as mãos, não vai sair do lugar”.

 

Já o diretor-presidente da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), Murillo Barbosa, entende que a dissociação entre porto e indústria pode ser explicada, em parte, por razões históricas.

 

“Se analisarmos como nasceram os primeiros portos do Brasil, todos foram dentro de baías, um fator de atração à população. Pegando todos os portos públicos, eles foram dominados pelas cidades. Há poucas áreas para um aproveitamento industrial em volta deles, e vários desses portos públicos já procuraram alternativas”, lembra.

 

Investimentos

 

O vice-presidente do Investe SP, Gustavo Ley, acredita que existe a necessidade de um planejamento estratégico das cidades da região em torno de que tipo de indústrias querem atrair.

 

“É fato que o Porto de Santos tem dificuldade por conta do espaço. O Investe SP pode atrair investimentos, mas precisa ter um plano estratégico daquilo que se quer trazer. Caso contrário, fica apenas na reação”, argumenta.

 

Ele lembra que o chamado hidrogênio verde pode ser um diferencial competitivo a ser explorado pelo complexo portuário santista. “Essa é a novidade para o mundo. A Europa está atrás. Existem diversos fundos internacionais querendo investir em São Paulo. Por que não, de repente, na área do Porto?”, indaga.

 

O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Economia, Alexandre Messa, vislumbra a chegada de empresas para atuar de forma sinérgica com o Porto de Santos, voltadas ao mercado externo.

 

“Penso que, para isso, teria que ter determinadas condições que, obviamente, atraíssem mais que incentivos fiscais. Fornecedores, estrutura logística para atendê-los, acesso a insumos, energia a preço competitivo. Tudo isso é mais importante”, aponta Messa, lembrando da importância das Zonas de Processamento de Exportação (ZPE).

 

Por fim, a superintendente institucional de Logística da Suzano, Patrícia Dutra Lascosque, faz um alerta sobre a necessidade de obras estruturais. “Há vários terminais que estão em obras ou em vias de começar. Mas há problemas. Pretendemos fazer investimentos, mas não há garantia de que a Fips (Ferrovia Interna do Porto de Santos) vai estar pronta ao mesmo tempo”.