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06/10/2022 - 12h17

Inflação em alta acende alerta na cadeia global de suprimentos

Fonte: Portos e Navios
 
De forma semelhante aos complexos portuários norte-americanos e europeus, principais portos brasileiros têm enfrentado, em 2022, tempos de permanência (dwell times) cada vez maiores dos contêineres de exportação. apontou o relatório da plataforma Project44
 
Impactadas por vários fatores macroeconômicos no primeiro semestre – como os lockdowns anti-Covid na China, que causaram queda na produção industrial; a guerra na Ucrânia; a falta contínua de capacidade intermodal nos Estados Unidos e na Europa em razão da escassez de ferrovias, chassis e mão de obra; e as mais recentes greves de estivadores, ferroviários e caminhoneiros nos EUA, Europa e Coreia do Sul –, as cadeias globais de suprimentos, agora, acendem o alerta vermelho em torno da inflação em alta para a segunda metade de 2022 e, especialmente, para o final deste ano.
 
De acordo com a plataforma Movement by Project44, a produção industrial chinesa caiu cerca de 30%, o que levou seus consumidores a redirecionarem os gastos para o setor de serviços. “À medida que os preços do gás e do combustível sobem, o poder de compra dos consumidores está diminuindo e as cadeias de suprimentos serão impulsionadas pela demanda reprimida no consumo”, apontou o relatório “A situação das cadeias de suprimentos globais e o papel da visibilidade”.
 
O documento também indicou que a demanda, sustentada no terceiro trimestre, manteve as cadeias de suprimentos sob pressão, uma vez que os varejistas fizeram estocagens antes do esperado. Ainda destacou que, embora não nos níveis pré-pandemia, as operações on-time continuam a melhorar em todas as cadeias de suprimentos, a partir da ação de gestores da cadeia de suprimentos, que vêm adotando soluções de visibilidade em tempo real para mitigar os riscos do mercado.
 
De forma semelhante aos complexos portuários norte-americanos e europeus, os principais portos brasileiros têm enfrentado, em 2022, tempos de permanência (dwell times) cada vez maiores dos contêineres de exportação. “O aumento nos tempos de permanência de exportação é atribuído principalmente à alta demanda de contêineres vazios para serem enviados de volta à China para uso em rotas comerciais mais lucrativas para as exportações chinesas”, destacou a Movement by Project44.
 
Para os transportadores marítimos, a exportação de commodities agrícolas para fora do território brasileiro e de outros países é menos lucrativa e, por isso, esses contêineres nem sempre são priorizados, levando a tempos mais altos de permanência no porto. “Enquanto o Porto de Paranaguá registra o maior tempo de permanência das exportações (10,3 dias), o Porto de Santos tem o maior aumento desde o início do ano, passando de 5,1 dias para 7,7 dias – um aumento de 51%.”
 
Enquanto isso, os tempos de permanência dos contêineres de importação do Brasil mostraram sinais de melhora ao longo de 2022: “Os índices dos portos de Paranaguá e Navegantes caíram 19% e 31%, respectivamente. O porto de Santos manteve o menor tempo de permanência de importação, inferior a dois dias”.
 
Cenário dos fretes
 
Outros dados da plataforma Movement by Project44 sugeriram algumas tendências positivas no frete marítimo e rodoviário (OTR), começando com o desempenho pontual das remessas marítimas. “Houve uma tendência de queda nos preços dos fretes ao longo de 2022, mas essa melhora bem-vinda foi acompanhada por uma queda na demanda por bens de consumo, à medida que a inflação corrói a renda extraordinária”, disse Josh Brazil, vice-presidente de Supply Chain Insights da Project44, à Portos e Navios.
 
De acordo com o documento, os horários globais de navegação oceânica também estão melhorando constantemente desde janeiro, embora de forma lenta. Mesmo que ainda seja observado em muitas rotas, o grau de atrasos das remessas está caindo, a exemplo do trecho entre a China e a costa oeste dos EUA, que decresceram de 5,2 dias, no primeiro mês do ano, para apenas 0,1 dia em agosto. “Um grande progresso foi feito e esperamos que a tendência continue. Até a rota China-Europa melhorou dos picos de 11 dias em fevereiro, para apenas quatro dias agora”, apontou o relatório.
 
Já a rota comercial do transpacífico conseguiu se recuperar mais rapidamente: “Como a China-Europa tem muito mais portos de transbordo, há muito mais potencial para rollovers de transbordo, que são mais suscetíveis a interrupções. O resultado foi uma melhora muito mais lenta na rota Ásia-Europa”.
 
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