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21/07/2022 - 09h35

CNI lança painel para consulta de preços dos fretes marítimos

Fonte: Portos e Navios
 
Com os custos do frete marítimo global literalmente nas alturas, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançou, nesta quarta-feira (20), um painel virtual, aberto ao público, para acompanhar a evolução mensal desses valores que chegaram ao patamar médio de US$ 10 mil cada contêiner, nos últimos tempos, tanto com cargas vindas da China quanto dos Estados Unidos, trazendo reflexos negativos para esse mercado no Brasil.
 
Segundo a instituição, o valor é sete vezes maior em relação ao que era cobrado antes da pandemia e a tendência é continuar assim, o que vem sendo rotulado, inclusive, como “o novo normal”. Neste mês de julho, o custo médio do frete de contêiner no mercado mundial alcançou US$ 6,5 mil, quatro vezes mais que o observado antes da pandemia.
 
Isso representa uma queda de 29% em relação ao final do ano passado, quando o frete médio global esteve próximo dos US$ 10 mil por contêiner. Para ter acesso ao novo Painel CNI da Infraestrutura Brasileira, clique aqui.
 
“O mercado de navegação mostrava alguma tendência de ajuste, no final de 2021 e início deste ano. No entanto, os lockdowns em Xangai trouxeram uma preocupação de que esses ajustes não aconteceriam, mas ainda se esperava que, com a abertura dos portos chineses [após essa fase de fechamentos], houvesse uma permanência na tendência de queda dos valores do frete marítimo, principalmente daqueles com origem da China”, disse Matheus de Castro, especialista em Infraestrutura da CNI, à Portos e Navios.
 
Segundo ele, o problema é que esse mercado ainda está extremamente instável, ainda como efeito global da pandemia de Covid-19, trazendo consequências para os portos que acumularam mercadorias e continuam enfrentando uma grande demanda reprimida, por causa da quantidade de produtos, principalmente, nos terminais portuários chineses.
 
“Isso não foi normalizado até o momento. Depois vieram os problemas decorrentes da guerra entre Rússia e Ucrânia, somados aos próprios lockdowns e aos níveis de congestionamentos em portos nos Estados Unidos, que ainda estão muito elevados”, ressaltou Castro.
 
Cenário nos EUA e Europa
 
O especialista da CNI ressaltou que, em um primeiro momento da pandemia, os portos norte-americanos estavam bem restritos aos terminais portuários da Califórnia, estado da região oeste daquele país, que se estende da fronteira com o México ao longo da costa do Oceano Pacífico, por quase 1,5 mil quilômetros.
 
“A partir do final de 2021 e início deste ano, as empresas começaram a reprogramar escalas e serviços para os portos da costa leste dos EUA, mas acabou que, tanto os do oeste quanto do leste ficaram congestionados. E isso atrapalha toda a logística que tem como origem o território norte-americano”.
 
Conforme Castro, isso afetou os preços do frete marítimo para os EUA, que aumentaram bastante desde o ano passado, permanecendo em patamares muito elevados. “Os níveis de congestionando também continuam altos até agora, sem tendência de melhora de forma agregada, quando pensamos no mercado norte-americano como um todo”.
 
O especialista em Infraestrutura da CNI ainda citou a questão do custo do afretamento de embarcações, que conseguem operar em portos dos EUA. O afretamento envolve os direitos de utilizar e/ou fruir de uma embarcação cedida, total ou parcialmente, pela parte que a detém, em troca de uma contraprestação pecuniária. “Isso tem um efeito direto para o Brasil, que recebe navios de 10 mil TEUs a 15 mil TEUs, que são médios em comparação aos grandes – de 20 mil TEUs – e que operam no mercado chinês, principalmente. Esse cenário também aumenta o custo logístico”.
 
No caso da Europa, ele ressaltou que esse mercado vem sofrendo com o efeito da oferta e demanda de modo geral, no setor de navegação. “Mas também observamos, no último mês, a incidência de greves trabalhistas em parte dos grandes portos europeus, aumentando o nível de congestionamento por lá, o que acaba exercendo uma pressão adicional, contribuindo para esse desequilíbrio do mercado. Fora o conflito na Ucrânia que afeta, de certa forma, as escalas de serviços com efeitos diretos nos custos dos combustíveis”.
 
Tendência para o Brasil
 
Por ser um mercado secundário, a CNI destacou que as rotas vinculadas ao Brasil vêm sofrendo os efeitos da demanda por embarcações e dos atrasos nos portos dos principais fluxos globais de navegação, o que explica a queda nos valores do frete de importação com origem na Ásia, no início de 2022, ao mesmo tempo em que foi observado um aumento nos fretes de exportação partindo daqui, especialmente para os portos norte-americanos.
 
Para a instituição, a melhora no mercado brasileiro de navegação depende de soluções dos problemas logísticos – que já são bem conhecidos por quem atua nesse setor – relacionados às principais rotas mundiais. No dia 29 de junho, a CNI realizou o “Diálogo da Indústria” com os pré-candidatos à Presidência da República 2022, oportunidade em que fez as seguintes recomendações:
 
– Fortalecimento da Resolução 62/2021 da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq);
 
– Ampliação do monitoramento, transparência e divulgação das cobranças e estatísticas do transporte marítimo brasileiro;
 
– Implementação do Programa de Janela Única Aquaviária, a fim de possibilitar o redesenho do fluxo de carga e trânsito aquaviário;
 
– Simplificação e redução das tarifas portuárias e eliminação das cobranças portuárias abusivas, a exemplo da cobrança do escaneamento de contêineres;
 
– Desenvolvimento e implementação do Sistema de Comunidade Portuária.
 
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