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07/10/2022 - 09h41

Brasil gasta mais com importações, apesar da queda de volume dos produtos

Fonte: Portos e Navios
 
Gastos com compras externas de fertilizantes e derivados para a fabricação desses insumos foram maiores. Exemplo desse cenário foi observado na importação de ureia que, nos dois últimos anos, permanecia em 7º lugar no ranking dos importados pelo país, mas com aumento de 96,15% em seu valor
 
O Brasil gastou mais de U$ 117 bilhões com importações no primeiro semestre de 2022, um acréscimo – em valor – de 28,71% sobre igual período do ano passado. Isso quer dizer que o país pagou mais caro pelos produtos comprados lá fora, considerando que houve uma queda de 6,69% no volume (em toneladas). Os números de janeiro a junho mostraram que foram compradas por volta de cinco bilhões de toneladas a menos, o que indicou reflexos de alta nos preços no comércio exterior, conforme apontou o “Relatório da importação brasileira do 1º semestre de 2022” elaborado pela Logcomex – empresa que oferece plataformas de visibilidade avançada, data analytics e automação para o comércio exterior –, com base em um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
 
Nos seis primeiros meses de 2022, o Brasil reduziu a compra de insumos estrangeiros, mas pagou 33% a mais por eles. Segundo a Logcomex, um exemplo desse cenário foi observado na importação de ureia que, nos dois últimos anos, permanecia em 7º lugar no ranking dos insumos importados pelo país, mas com um aumento de 96,15% no valor, sendo de US$ 1,04 bilhão em 2021 e de US$ 2,04 bilhões em 2022.
 
“Nós estamos pagando muito caro nas importações e estamos recebendo menos produtos. Existem produtos que não temos escolha e precisamos importar, como alguns alimentos, fármacos e produtos químicos que são mais baratos. Boa parte deles não tem produção nacional, então, não temos escolha senão importar. E por causa do dólar e do euro, que ainda estão bastante valorizados, isso encarece bastante”, analisou o CEO da Logcomex, Helmuth Hofstatter, à Portos e Navios.
 
Ele também atribuiu o aumento dos gastos com importados aos preços do frete internacional, tanto marítimo como aéreo: “Isso também encarece os impostos que nós pagamos na importação, bem como na armazenagem. Tudo isso é calculado em porcentagem que incide no valor, do frete e do seguro das da mercadorias”.
 
Para o executivo, consequentemente esses dois fatores – frete e câmbio – impactaram bastante na inflação do Brasil, considerando a desvalorização do real frente a outras moedas. “Nós acabamos pagando muito mais caro por produtos importados, que foi além do normal, fora que a inflação tem sido um problema mundial. Por causa da pandemia, seguida da guerra entre Rússia e Ucrânia, realmente tivemos efeitos sobre os produtos que importamos”, comentou Hofstatter.
 
Para o segundo semestre, o CEO da Logcomex acredita que a tendência seja de continuidade de baixa no valor do frete, cuja queda tem sido relevante: “Antes, pagávamos US$ 11 mil dólares em um contêiner de 20 pés da China para o Brasil. Agora, vimos empresas fechando por volta de US$ 4,5 mil, o que é menos da metade do que estava sendo pago. Então, isso deve reduzir bastante nossos custos de importação afetando, consequentemente, nos preços que pagamos no varejo”.
 
Mercados
 
De acordo com o relatório da Logcomex, quando são observados os principais parceiros comerciais do Brasil, é possível notar uma crescente participação do mercado do Canadá, especialmente com a venda de adubos e fertilizantes químicos, em grande parte impulsionada pelos conflitos entre Rússia e Ucrânia.
 
Em relação aos países de origem, do total de US$ 117 bilhões gastos com compras externas (em valores aproximados), os destaques foram para as importações que vieram da China (22% do valor total importado) com US$ 25,5 bilhões; e dos Estados Unidos com US$ 23,85 bilhões (20%). Na sequência aparecem: Alemanha com US$ 5,74 bi (4,91%); a Rússia com US$ 4,1 bilhões (3,5%); Índia com US$ 3,6 bi (3,1%) e a Argentina com US$ 3,1 bilhões (2,65%). Itália (2,31% e US$ 2,7 bi), França (2,31% e US$ 2,7 bi) e Canadá (2,22% e US$ 2,6 bi) também figuram na lista dos principais destinos das importações do Brasil.
 
Segundo o documento, ao comparar com o ano passado, foi possível identificar uma retração na participação do Japão, Itália e Índia. Enquanto que países como Rússia e Canadá tiveram suas operações de importação intensificadas em 2022.
 
Ao explorar os principais portos e aeroportos brasileiros que receberam mercadorias internacionais – como unidades de desembaraço responsáveis pelo valor total aproximado de US$ 27,73 bilhões –, a Logcomex destacou a posição de destaque do Porto de Santos (SP), que representa 24% do total das movimentações no período, chegando ao valor aproximado de US$ 27,73 bilhões; seguido pelo Porto de Paranaguá (PR) com quase US$ 10,16 bilhões; e pelo Aeroporto Internacional de Viracopos (Campinas/SP) com aproximadamente US$ 7,93 bilhões.
 
No ranking de produtos importados, segundo o relatório, os combustíveis e fertilizantes químicos continuaram no topo no primeiro semestre deste ano. Entre as maiores variações de preços na comparação com igual período de 2021, o cloreto de potássio encabeça a lista com um aumento de 298,36%, seguido pela hulha betuminosa e não aglomerada com alta de 173,56%; e o gás natural liquefeito (GNL), que subiu 158,53%. A maior quantia paga pelo país foi na compra de gasóleo, que teve um incremento de 80,85% e um gasto US$ 2,77 bilhões, bem superior aos demais itens observados pela Logcomex.
 
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