Fonte: A Tribuna On-line

 

Presidente da Clia Brasil pede solução de entraves para sonho sair do papel após ministro do Turismo reforçar proposta

 

Um dos maiores desejos do Governo Federal para o setor de cruzeiros marítimos no Brasil é a expansão da temporada de viagens para o ano todo. Esse sonho, inclusive, foi reforçado pelo ministro do Turismo, Carlos Brito, durante a Abav Expo, evento da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav) em Olinda (PE). Contudo, a Associação Brasileira dos Cruzeiros Marítimos (Clia Brasil) ressalta que importantes entraves devem ser superados para que essa intenção saia do papel.

 

Durante a participação na feira turística, Brito foi direto. "É inadmissível que não tenha navios de cruzeiro de forma perene no nosso País", destacou, em sintonia com o que já havia sido defendido no ano passado por seu antecessor, Gilson Machado. Ele frisou que os planos de uma temporada sem interrupções foi deixado em segundo plano devido ao início da pandemia de covid-19, em 2020, mas segue "no caminho certo".

 

Diante da manifestação do representante do Governo Federal, o presidente da Clia Brasil, Marco Ferraz, explicou para A Tribuna que há impasses importantes a serem solucionados para que isso se torne realidade, como a questão da demanda. "Quando é inverno aqui (Brasil), é verão lá fora (exterior), em altíssima temporada. Para atrair um navio, tirando-o do verão para trazê-lo ao nosso inverno, é preciso ser atrativo e, para isso, há questões de normas e legislação".

 

De acordo com ele, a norma trabalhista é uma pendência que precisa ser resolvida. "Não podemos ter tribunais interpretando a lei brasileira para os tripulantes. Isso dificulta a operação, além das de impostos e custos. Há questões que ainda deixam o Brasil mais caro do que a média mundial que a gente precisa resolver", destacou, lembrando que também seria necessário definir os melhores destinos para os cruzeiros atracarem durante o inverno brasileiro.

 

Atratividade

 

Para Ferraz, o Brasil tem duas opções que podem colaborar com a atratividade da temporada brasileira, mas ambas seguem em compasso de espera. Uma delas é o projeto de novo terminal de passageiros no Porto de Santos, a ser construído no Valongo. Ele entende que, se as modernas instalações para o embarque e desembarque de cruzeiristas forem autorizadas, aumenta a possibilidade de atrair a atenção de outras companhias para operar no País.

 

"Estamos acompanhando o processo de desestatização (do complexo portuário santista) e também a troca do Concais para o terminal do Valongo. Estamos torcendo muito para que isso aconteça porque a gente precisa de berços exclusivos e um terminal mais moderno".

 

Além disso, a regulação do BR dos Rios (marco legal das hidrovias brasileiras) também é vista com otimismo para intensificar os cruzeiros em água doce. "Temos companhias que são afiliadas à Clia na Europa com 200 navios e eu acho que a gente tem tudo pra atrair investimento e deixar embarcações principalmente lá no Amazonas, que é um destino que todo mundo quer conhecer".