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09/11/2022 - 10h17

2º Encontro Porto & Mar 2022 debate o Porto de Santos e o agronegócio

Fonte: A Tribuna On-line
 
Evento do Grupo Tribuna reuniu autoridades, empresários e especialistas para tratar de desafios e oportunidades
 
Um setor em franca expansão, um porto capaz de escoar a produção de forma adequada e condizente com o que é gerado. Uma das principais forças da economia brasileira, o agronegócio tem no Porto de Santos sua principal porta de saída. Mas, se houver descompasso entre a capacidade operacional e o que chega do interior produtivo do País, quem perde é a economia como um todo.
 
Esse é o recado deixado pelo 2º Encontro Porto & Mar, promovido ontem no auditório do Grupo Tribuna, em Santos. O risco de ver cargas com outros destinos, por conta de gargalos logísticos e de capacidade no principal porto do Hemisfério Sul, é algo que preocupa e que exige soluções rápidas dos atores dessa cadeia.
 
“As fronteiras agrícolas vêm extrapolando os limites que nós tínhamos há 20, 30 anos. A proteína animal vem crescendo ano após ano, mas chegamos talvez próximos de um cenário de colapso de capacidade. Algo que, antes da pandemia de covid-19, não imaginávamos”, explica o gerente regional de Logística da JBS, Clovis Wessling.
 
Sobre o Porto de Santos, ele entende que o momento é de uma encruzilhada.
 
“Ou damos um passo de fato para ampliação do negócio, para pensarmos nele crescente para os próximos anos. Ou teremos que pensar no limite da produção”, reflete o executivo.
 
Argentina
 
Gerente geral da K Line para as Américas, Rafael Cristelo aponta o momento econômico da vizinha Argentina como um cenário a ser evitado pelo Brasil, com falta de maquinários e outros problemas.
 
“A gente precisa também de infraestrutura para esse tipo de carga. Talvez, no processo de desestatização, também se pensar em carga geral. Caso isso não seja feito no curto prazo, não vai se perder carga, mas se perder escala”, pontua.
 
Diretor de Logística da Minerva Foods, Adriano Rosa Delfino trouxe um exemplo de problema causado pelos gargalos logísticos. “O processo visando a exportação de proteínas leva cinco, seis dias. Mas, ao chegar ao Porto, pode levar mais tempo do que isso para embarcar”.
 
O caso de veículos da General Motors que foram deslocados para exportação via Porto de Paranaguá (PR) foi lembrado como algo a ser combatido. “O País tem uma vocação para o agronegócio, isso é inquestionável. Agora, não quer dizer que as coisas são excludentes. Outros setores podem agregar valor”, aposta o diretor de Logística para a América do Sul da General Motors, Neuton Karassawa.
 
Para ele, é possível pensar numa cadeia de suprimentos mais racionalizada. “Onde você tem oferta eficiente, e cria uma nova demanda”.
 
Refém do sucesso
 
Danilo Veras, diretor de Novos Negócios da Rumo, acredita que o Porto de Santos reúne condições para um nível ainda maior de qualidade, com avanços logísticos.
 
“Santos é o porto, por excelência, para o escoamento do agronegócio brasileiro. Mas não exclui a importância do industrial. É um problema bom, de um porto fadado ao sucesso, mas que deve tomar cuidado para que ele não seja um entrave para que se cresça”.
 
Ajustes
 
A relação do agronegócio com o Porto de Santos é boa, mas necessita de ajustes, especialmente no que se refere aos gargalos, como os acessos ao complexo santista.
 
É o que avalia o ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Ivan Wedekin, um dos palestrantes do 2º Encontro Porto & Mar, realizado nesta terça-feira (8).
 
Para Wedekin, o maior porto do Brasil é extremamente necessário para o agronegócio, que é um dos seus clientes.
 
Competitividade
 
“O agro depende da eficiência do Porto. No agronegócio, os preços são formados no mercado internacional. Mas, quanto mais eficiente for a infraestrutura brasileira, não apenas nos portos, mais competitivo será o agronegócio e, por isso, será mais benéfico para o País”, avalia.
 
Wedekin salienta que a melhor política agrícola que o Brasil pode ter é investir em infraestrutura.
 
“Já temos uma política agrícola eficiente e uma das mais baratas do mundo. O agro está ganhando eficiência no campo e precisa da infraestrutura. Estamos avançando, mas ainda longe dos melhores países nesse quesito”.
 
Desestatização
 
Ivan Wedekin acredita, ainda, que a agenda em torno da desestatização não pode ser deixada de lado.
 
“Claro que o Porto está dentro da Cidade, e isso deve ser discutido. Mas, havendo um entendimento, a gente vai avançar, para que cada vez mais o Porto cresça, não apenas na exportação de commodities, mas também em produtos de maior valor agregado”, complementa.
 
Fertilizantes
 
O chefe do Serviço de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) do Porto de Santos, André Minoru Okubo, também participou do evento de ontem. Durante sua explanação, ele enfatizou o rigor da legislação ambiental em torno do agronegócio brasileiro.
 
“Outros países agroexportadores não têm uma legislação ambiental tão forte como o Brasil. Isso coloca o produtor brasileiro como um dos que mais conservam”, defende.
 
Ele acrescenta que, no caso dos fertilizantes, o País é o quarto maior consumidor mundial desse produto, e 85% de seu total são importados. “A expectativa é de que (o nível de compras do exterior) caia para 45% até 2050”, complementa.
 
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